Há bem pouco tempo convidaram-me
para mais um dos muitos eventos que terminam em almoço-convívio. No meio da
conversa revelaram-me o grande atractivo, o porco no espeto, a que muitos faz
salivar, mas a mim levou-me a reflexionar sobre esta e outras novas modas
culinárias e consequentemente parir este texto.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsGmJKpwmQ0Z40vzxIsSniE-Xh-NeHwC2PRSg3W2fknOBK7GnfqPYTHOkUWlTgdLQQLcBJ88SHlqt8wCfRuqihmNwffiIyDl5ZzDyLZ32a4M2Dcd44MPzLTD7wgFSZrUxsNNuE-ZGB/s320/Porco.png)
Nos velhos tempos, em casas dos
meus pais, durante vários anos fazíamos a matança do porco. Aquilo era uma
festa, mas também horas de muito trabalho, pois o bicho era dividido em
múltiplas partes e cada uma delas tinha o seu destino e o seu proveito. Foi
exactamente por isso que chegou o ano em que se decidiu parar, porque gerava
tantas partes nefastas para a alimentação, nomeadamente a gordura, muita
gordura, que não era mais suportável dar-lhe destino, a não ser que se abrisse
uma fábrica de sebo ou de sabão.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH0lN2i06bKYGPUYRzGK738FLxNpmEreiGU-2PeO5mBoux8gqv-PQGoNWXji0V1jbaNSbAYA6DFfUiVQYNC6EUWEn_1gzs2QXsm-2MH5Z3yXql9uGFreVib3x6yWJNuTOzGrg6dRHd/s320/burger.jpg)
Mas nem sempre é possível
despachar um porco inteiro e então acumulam-se aquelas partes gordas que ninguém
quer(ia) comer…. até que um belo dia outra alma criativa inventou o bacon, a que nós chamávamos de toucinho
e o dicionário de língua portuguesa identifica como sendo uma “camada de gordura por baixo da pele do porco, usada em culinária”.
Penso que não é necessário gastar
tempo a detalhar qual a composição dessa parte do porco e o mal que faz à nossa
saúde, mas posso afirmar que a popularização desse troço de carne veio resolver
um grave problema de saturação que tinham entre mãos os produtores e
retalhistas da indústria da carne.
E como resolveram o problema?
Muito simples. Sendo um produto que é ao preço da chuva e ademais a sua
composição principal – a gordura, é das mais aditivas que existem depois do açúcar,
bastou pô-lo nas mãos dos gigantes da comida rápida (Mcdonald´s, Burgerking, Telepizza,
Pizza ut, e muitas mais), por a potente máquina publicitária a funcionar e
pronto, transformaram um troço de carne gorda que ninguém comia pelo mau que
era, num dos produtos mais populares e apetecidos do mundo!
É evidente que escrevo isto com a
maior das indignações, porque a indústria alimentar conspira repetidas vezes contra
a nossa saúde sem olhar a meios e sem remorsos, constituindo um verdadeiro atentado criminal que
está a arrastar a maior parte da população pelo caminho da obesidade, sem
dar-se conta, tal quais as inocentes ovelhinhas que vão a caminho do matadouro.
Culpados? Vamos sempre ter aos
mesmos. Já sabemos quem são os prevaricadores, mas depois temos aqueles que o
permitem e imagina lá quem são… os políticos, claro!
Fazem leis para tudo, mas em
relação à alimentação é tudo muito cauteloso e liberal. E o que vale é que
existe o parlamento europeu que pariu muita legislação de informação ao
consumidor, senão estes pobres “portugas” estavam mesmo entregues aos algozes!
Anda meio mundo
(político) apanhado pelo rabo, ou seja, com um pé na política e outro nos
grandes grupos económicos e por isso movem-se com muita cautela. Ademais as
pessoas ao estarem doentes vão alimentar outra grande indústria, que é a da
saúde. Pobres ovelhinhas!
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