“Anda meio
mundo a enganar outro meio” – é uma frase “pronta a servir” que já há muito
conheço e que cada vez tem mais peso nos tempos que correm.
Dantes, com o
que lia nos livros, jornais, revistas e via na televisão,, sentia-me mais ou
menos seguro das elações que tirava dos mesmos, quanto à sua autenticidade. O
jornalismo era relativamente sério (apesar de haver sempre um pouco de tudo em
todo o lado), e notava-se por parte dos seus profissionais, um certo cuidado em
procurar a verdade e relatá-la de forma isenta, clara precisa e concisa.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiO4vCp6GddBQyPKSeYJ4l4YJFpggJDN5O6q9ozJnfGkC7EDcbe3G36hKqV8cWQlvPSuaLZ_mYSMjYYeD8fY8fKcCHmhgxmiB6ZShjSJ175vXGe08n8C8AKD1OCSWug4TkZgKjB4lIr/s400/verdade-mentira.jpg)
Com
a explosão dos meios de comunicação social, cada um deixou de estar no seu
cantinho, passando de repente a ter o mundo a seus pés. O fluxo de informação
multiplicou-se exponencialmente. Onde antes apenas sabíamos das desgraças
locais e das nacionais de maior relevância, passamos a ver em todo o mundo e em
directo aquilo que se passava.
A nossa
adaptação foi tão rápida como a própria informatização e digitalização dos
meios. Só que o acesso fácil, também trouxe a mentira fácil.
Às vezes, tão
depressa aparece alguém a dar uma notícia, como aparece outrem a desmenti-la.
Como é o caso dos mediáticos e eternos julgamentos como o da “Casa Pia”, onde a
manipulação dos factos, é uma verdadeira especialidade dos profissionais da
justiça e da comunicação. Se aparece um relato que um indivíduo é constituído
arguido, rapidamente vem alguém a corrigir que é apenas testemunha; se um diz
que o conhece, vem o outro dizer que nunca o viu, se um diz que o viu em tal
lado, o outro diz que nunca lá esteve. Mesmo com o desfecho da sentença (se
alguma vez acontecer), os condenados irão sempre gritar que estão inocentes.
Nessa altura iremos duvidar da justiça e perguntar: será que o tribunal está a
ser verdadeiro e íntegro?
Onde o pagode é
maior, é no meio político, mais propriamente na Assembleia da República. Se um
partido diz que determinada reforma é boa, outro partido diz que é má; se
declaram que o défice está a baixar, vem outros dizer que está é a subir, pois os
dados estão a ser manipulados. Porque é que na política, a verdade está sempre
dividida ao meio?
Com a entrada
da era digital, a confusão instalou-se definitivamente. Os filmes de ficção são
feitos com uma perfeição tal que praticamente não se distingue o que é
realidade. As fotos digitais são facilmente alteradas, sem que alguém se
aperceba de que algo está errado.
Só o futebol
passa incólume às evoluções tecnológicas. A sua utilização para tornar a
decisão do árbitro mais clara e justa não interessa; preferem continuar com os
jogos de manipulação nos bastidores e assim alimentar a polémica que enche
tantas páginas dos jornais. O que seria do futebol sem a discussão e a
controvérsia!
Perante tudo
isto, tenho que concluir, um pouco desanimado, que a tecnologia da comunicação
e imagem, só é utilizada no meio político e outras áreas afins (justiça,
informação, futebol, etc.), para alimentar a mentira e a confusão. Se for para
apurar a verdade, então preferem o tradicional e o grosseiro. Estamos num
paraíso chamado Portugal! Mais nada!