Sou
mais um entusiasta das motos que nos últimos sete anos tem marcado presença na concentração anual de motos em Góis, não porque seja entusiasta das concentrações, mas porque em Góis sentia algo diferente e especial, que não tinham as outras.
Góis,
uma pequena vila de interior que só conhece quem vai lá com esse propósito, foi
para mim como ir a um oásis no meio do deserto. O que me atraiu foram as
motos, porém essa vila pacata, com aquele rio de águas cristalinas que a
atravessa e a possibilidade de passar uns dias onde todos conseguem conviver e
divertir-se na maior harmonia, levou-me a renovar em cada ano a vontade de
volver.
Antes
de avançar para o assunto que me leva a escrever este texto, quero referir que
durante estes sete anos, constatei com agrado a forma como, a pouco e pouco,
tem a Câmara dedicado ao melhoramento e arranjo das diversas infraestruturas
da vila.
O
mais importante tem sido na parte envolvente do rio, passadiços, areia, mas
este ano também reparei em diversos melhoramentos, como a requalificação da rua
principal, Rua Cmdt Henrique Neves, passeios ao longo da parte urbana da N2 que
atravessa a vila e muitos outros detalhes que valorizam cada vez mais a vila e tornam
mais agradável a estância dos seus habitantes e dos visitantes.
Também
se tem notado um notável progresso de investimentos e expansão dos negócios dos
particulares, o qual atesta o bom caminho tomado até agora.
Porém,
se até esta última concentração, tenho registado um progresso só para o lado
positivo, este ano senti que determinados aspectos, que a mim me sensibilizam,
ultrapassaram a linha do razoável.
A
presença de elementos da GNR era visível, inclusive, no dia em que cheguei,
havia uma patrulha a fiscalizar motos à entrada da vila, no sentido de quem vem
de V: N. Poiares, mas durante todo o fim de semana, fiquei com uma sensação de
que Góis tinha sido assaltada por bandidos.
Tal
como os hooligans que vão ao futebol só para fazer barulho e distúrbios, Góis
parecia que tinha sido tomada de assalto por indivíduos montados em motos, muitas delas
em estado de sucata e com o escape livre, apenas com o intuito de fazer barulho,
noite e dia. A GNR, como já disse, presente, mas sempre impávida e serena.
Junto
ao rio, ao longo da Av. Eng Álvaro Nogueira, perante um sinal explicito de
proibido o estacionamento de auto caravanas, o “chico-espertismo” imperou. São
cada vez mais aqueles que montam as suas caravanas a livre arbítrio e se
estendem para os passeios para fazerem churrascadas e as suas cadeiras instaladas
para descansarem, em detrimento dos milhares de pessoas que por lá passam. O
mesmo se verifica junto ao Mini Preço, onde bandos ou famílias inteiras acampam
com toda a impunidade à vista de tudo e de todos.
Também
junto ao rio, mas do lado da N2, em anos anteriores havia um ou outro que
acampava, mas este ano eram dezenas… e como será para o ano?
Imagino
a má imagem que a maioria dos habitantes de Góis devem ter dos motociclistas.
Barulhentos, sujos, indisciplinados, bêbados… Peço desculpa a esses habitantes,
mas quero aqui afirmar com veemência, que essa imagem não é a verdadeira, é
causada por uma pequena minoria que nem sequer lhe devia ser permitida o acesso
ou então devia ser expulsa por má conduta.
Pergunto,
de tudo aquilo que até agora descrevi -
motos ilegais, fazer ruído a todas as horas, campismo e estacionamento
indiscriminado, qual é o benefício económico que leva à região. Nenhum,
absolutamente nenhum. Bem pelo contrário. Indigna e irrita os habitantes
locais, as pessoas de bem e cumpridoras são perturbadas, afastam-se e não
voltam e atrai cada vez mais banditismo e desordem.
Por
tudo isto, penso que a Câmara Municipal devia tomar conta do assunto, antes
que seja tarde. Bem sabe se sabe, tudo o que sobe também cai, não há bem
que sempre dure…
Para
que não se pense que apenas sei exercer o acto de criticar, avanço por isso com
algumas sugestões que me ocorreram e penso que poderão minimizar este estado de
desordem:
·
As forças de segurança (GNR) terem um
par de equipas activas, no sentido de garantir que:
- Os donos das motos que fazem ruído
excessivo ou apresentem irregularidades, sejam interpelados e multados se
necessário (garanto-lhe que não será necessário multar muitos para correr a
voz)
- Não deixar que haja campismo e
caravanismo selvagem, fora das zonas assinaladas para tal.
·
Não permitir que estacionem, tanto as
caravanas como os carros, ao longo da faixa junto ao rio, na rua Eng. Álvaro
Nogueira, para assim as pessoas poderem circular com fluidez.
·
Improvisar nas imediações uma área para
auto caravanas, a qual pode ser gerida pelo moto clube, tal como o campismo.
·
Interromper todo o trânsito, excepto
veículos de emergência, prioritários e residentes, entre a rotunda onde inicia
a Av. Luís de Camões (Café Álvaros) e o cruzamento com o início da CM 1428. Isso
desincentivará que as motos andem em circulo à volta da vila e com isso se
reduzirá substancialmente a poluição ambiental e sonora, e claro as más condutas.
Provavelmente no
próximo ano não volverei. Aquele impulso que me impelia em voltar, desapareceu.
Os bandidos já tomam conta da vila, o rio Ceira já não é o que era, as suas
águas cristalinas agora são escuras. E a verdade seja dita, o programa dos
espectáculos tem ido cada vez a pior. Este ano, no sábado, que é o dia de maior
afluência, sem qualquer critério, nem gosto, nem coerência, puseram a tocar uma
banda clássica daquelas que tocam nas festas das aldeias, e seguida de duas
bandas de “hard rock”.
Tenho a sensação que
esta concentração atingiu o ponto mais alto. Se não forem tomadas medidas corre
o risco de entrar em declínio, deitando por terra todo o esforço e persistência
destes 26 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário