A morte
é negra, dura e escura. A ela ninguém escapa... Mas eu hei-de escapar!... Sabem
como? Compro uma panela, meto-me dentro dela, custa-me um vintém, tapo-a muito bem, Nisto vem a morte e diz:
aqui não há ninguém!!!
Era
assim que a Maria Irene Teixeira Pires da Silva, nascida em 03/09/1922,
recitava em tom de brincadeira, sem hesitações, inúmeras passagens de peças de
teatro, que tinha aprendido quando jovem, na Escola.
Nasceu
na então vila de Chaves, mas cedo foi viver com toda a sua família para Faiões,
de onde tinham origem.
A década
de 20 e 30 era de crise, com muita pobreza. Por ser a mais velha e a única
rapariga de entre 4 irmãos sobrevivos (morreram 3), e porque era tradição, quase
lhe foi imposto o destino das lides caseiras, mas graças à sua mãe, acabou por ser poupada a tal desígnio.
Em vez
disso, aos 12 anos mandaram-na estudar para o Colégio Teresiano em Braga. Aí,
adquiriu uma sólida formação académica e religiosa, acabando por frequentar o
Magistério Primário e assim ser professora do ensino primário.
Na
altura a falta de professores era tão grande (a sua formação esteve encerrada
durante vários anos e só abriu no ano em que concorreu - 1942) que mesmo antes
de frequentar o magistério, a tão só aprovação no exame de admissão, permitiu-lhe
leccionar durante 4 meses em Santa Cruz de Cimo de Vila da Castanheira, em
regime provisório, até começar o Magistério.
No final
de 1945 acabou o Magistério Primário em Braga e finalmente regressou à sua
querida terra. No 1º ano de professora leccionou em Roriz e os 14 seguintes
passou-os em Oucidres.
Em 1957,
mais propriamente em 19 de Setembro, casou com João Maria Pires da Silva,
constituindo-se assim um dos grandes momentos que marcaram a sua vida.
Em 1960
aproximou-se mais da sua terra natal, ao ser colocada em Vila Verde da Raia,
onde esteve 3 anos e após este período foi para a escola de Faiões, onde
permaneceu 22 anos, até que se reformou, em 1984.
Teve
dois filhos, onde investiu toda a sua vida e todo o seu amor, cego e
incondicional.
A sua vida
foi longa e bem acompanhada pelo seu marido de sempre, no entanto, como todas
as viagens têm o seu fim, também a dela chegou ao seu termo.
Já
partiu, mas ficou a sua obra reconhecida: centenas de crianças, agora adultos,
que receberam uma sólida formação e recordam com saudade o seu zelo e empenho,
os seus filhos que viveram por entre a saudade e o amor de uma mãe dedicada, e
sentem que tiveram o melhor daquilo que lhes podiam oferecer, e uma terra
(Faiões) que foi o seu berço e da qual nunca se quis desprender.
Agora
está junto Daquele com quem compartiu a sua incondicional fé e amor: Jesus
Cristo, que a deve ter agora mesmo acolhida entre os seus braços.
Perante
uma vida tão completa e bem realizada, devemos aqui, não despedir a morte, mas
sim celebrar a vida, a qual a D. Irene percorreu com tanta vontade e alegria.
Bem haja mãe e descansa em paz.
Faiões, 23 de Fevereiro de 2015
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