terça-feira, 16 de agosto de 2011

EXAME DE CONSCIÊNCIA

É mais fácil criticar do que fazer. Ponto assente. Porém, se a crítica for construtiva e oportuna, pode valer milhões. Regra geral, ninguém gosta de ser contrariado e ainda menos que lhe apontem o dedo a más acções.
A liberdade de expressão tem um lado saudável e uma vertente perniciosa. Depende de quem a utiliza. A comunicação social é exemplo disso. Dentro dela vemos o bom e o mau jornalismo. Quantas vezes já não assistimos à invenção de histórias bem orquestradas e que não passam de calúnias. O actual estado do sistema judicial e da informação está de tal forma degradado, que ninguém sabe de forma absoluta o que é verdade e o que é mentira, pois existe sempre alguém com ar imaculado a desmentir os factos.
Nesta sociedade mascarada, onde só as crianças e os ingénuos acreditam naquilo que vêem, vive-se duramente o dia-a-dia, num claro exercício de sobrevivência, tal qual o faziam os nossos antepassados, nos tempos das cavernas.
Ser frontal, criticar, ou mesmo não ser hipocritamente cordial, pode sair caro. Todos sabemos que a denúncia ou a acusação contra poderes e interesses instalados pode mais rapidamente ir contra nós do que a favor da justiça e da igualdade. Por isso é que muitas vezes ouvimos ou assistimos a violência doméstica mesmo ao lado da nossa casa e silenciamo-nos atrás do ditado “entre homem e mulher não se mete a colher”.
O Estado, que gere os bens e os interesses comuns dos seus súbditos, é frequentemente alvo de críticas sobre a forma como o faz. Há trinta e tal anos o remédio era santo. Das duas uma: ou se fazia às escondidas ou então estava-se sujeito à mão pesada de quem fiscalizava os desbocados que criticavam o regime.
Mais do que nunca é preciso criticar, mas sempre com responsabilidade. Temos o dever cívico de zelar pelo espaço comum. E devemos ser exigentes ao pormenor, pois cada cêntimo do erário público é muitas vezes proveniente de impostos que a muitos custou e faziam falta para comer. Não basta lançar um olhar distraído. A complacência típica do povo português, tem resultado em aproveitamentos escandalosos por parte de indivíduos e grupos profissionais que vivem e enriquecem à custa de fugas por má gestão dos dinheiros públicos.
Quem recebe as críticas deve convertê-las em energia, para ultrapassar os obstáculos. Deve ser suficientemente introspectivo para fazer melhor e superar-se.
Por isso, todos nós, cidadãos, somos responsáveis por tudo aquilo que fazemos, devemos assumir e fazer um exame de consciência sobre as nossas palavras e os nossos actos.
Pior do que mal criticar, é criticar quem critica. É como roubar a caça ao caçador, dar um tiro nas costas a um amigo ou roubar um pobre, mas no contexto deste assunto, tudo não passa de um acto de mera pobreza intelectual. Também é a reacção negativa daqueles que não são introspectivos e não suportam a responsabilidade do cargo que ocupam.

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