Aos poucos saem leis, despachos, normas, que nos vão limitando a nossa acção e tolhendo a nossa liberdade.
A título de exemplo, no tempo em que um carro para atingir 100 Km/h era um feito (com a proporcional capacidade de travagem), o limite da velocidade máxima em estrada era 90 Km/h . Passados mais de 50 anos de uma avassaladora evolução tecnológica, com sofisticados sistemas electrónicos de controlo de estabilidade, de travagem e de tracção, de nada servem para que esses limites se alterem. E isto não irá ficar por aqui. Os limites de velocidade hão-de baixar tanto, que um dia temos que andar de marcha-atrás para os cumprir.
Há quarenta ou cinquenta anos, com os mesmos 10 milhões de habitantes, existiam provavelmente menos de metade das leis que agora existem. Como é que, com o mesmo número de pessoas tornou-se necessária tanta lei e ordem? Será que as pessoas estão a ficar mais selvagens e indomáveis do que outrora?
Deambulamos num sistema que se diz democrático, mas decididamente opressor, que actua de forma cega à procura de fazer vergar indivíduos e pequenos grupos desobedientes e radicais, mas que na prática atinge toda uma população que nada tem a ver com o assunto. É o que se chama “apanhar por tabela”.
Compreendo assim, porque existem pessoas que optam por se isolar de todas estas contrariedades. Não se pode conduzir com velocidade por causa dos drogados, bêbados e inconscientes, não se pode ir para a floresta por causa dos incendiários e outros anormais, não se pode ir para as dunas por causa dos agressores do ambiente e dos areeiros… que mais nos irá acontecer?
Como se tudo isso não bastasse, a própria sociedade impõe valores seculares que em nada ajudam a nossa lucidez mental para poder decidir o nosso futuro. Basta nascer neste mundo e toca a incutir-nos que para ser normal é preciso casar, ter filhos, ter uma casa, um carro e outros acessórios. E nós encantados da vida, manipulados até aos cabelos, lá percorremos o caminho que nos foi traçado.
Sou cumpridor, respeitador e consciente das minhas possibilidades. Por isso não gosto que me limitem as minhas acções. Não gosto de ter que cumprir um sinal de proibição de circular a mais de 120 Km/h , quando verifico que posso ir a maior velocidade. Não gosto de que me proíbam só porque existe uma minoria que não cumpre as normas mais elementares de vivência em grupo.
Sinto que, com o passar dos anos, isto está a tornar-se uma penitenciária gigante, ao ar livre. Porque sou cumpridor e não infringi nenhuma lei, exijo que me seja devolvida a minha liberdade de poder optar por aquilo que eu considero mais indicado. A minha condição de ser inteligente assim o reclama.